"Tenho duas armas
para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte:
o riso a cavalo e o galope do sonho
É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver."
Ariano
Suassuna
(...) E, depois do primeiro ciclo de quimioterapia que foram
de seis aplicações, mais seis de reforços,
chegou a hora de refazer os exames. É sempre assim, após cada ciclo de quimioterapia
é hora de fazer os exames para saber em que pé está a situação. E faltando
alguns dias para isso acontecer, pronto, já entro na TPR (Tensão pré
Resultados).
Apesar de esperar sempre os melhores resultados, os exames
feitos em novembro de 2011 mostraram que a lesão estagnou. E, como sempre eu só
tenho a agradecer a Deus por tudo, esses momentos que estou passando só me faz
ficar ainda mais próxima Dele através da Fé e das orações.
Bom, apesar de não ser bem o que nós estávamos esperado, bola pra frente porque
o jogo continua. Dessa vez em consulta com Dr. Cleber, ele foi taxativo: “Izabel,
você poderá ficar chateada comigo, mas com a mudança do medicamento, dessa vez
você irá se submeter a quimioterapia que fará seu cabelo cair por completo.” “Eu,
que já esperava que isso fosse acontecer desde o primeiro momento, ri. Tudo
bem, o que importa de verdade é que tudo fique bem. Se eu ficar careca pra
sempre, porém curada, serei feliz eternamente.” Essa foi minha resposta. O medicamento
que fará todos os fiozinhos cairem chama-se Docetaxel.
Apesar de ter saído da consulta já noite, corremos para encontrar um salão
aberto, e encontramos. Queria muito poder cortar o cabelos antes deles caírem por
completo, queria poder curti essa fase e, é claro, saber como eu ficaria de
cabelo “Joãozinho” (rs).
Antecipei aos fatos sim, por uma boa causa, estava louca pra
ver o meu novo visual de cabelos curtinhos, A D O R E I... (todos adoraram.)
Eis que chegou o novo ciclo, dessa vez nada de náuseas e vômitos.
Nesta nova etapa os sintomas foram outros, por exemplo: Como o meu médico já
havia alertado, vieram as dores no corpo e articulações, cólicas intestinais, espinhas
no rosto, cabeça e costas, apareceu também uma pequena inflamação na boca (mucosite)
e por isso tive febre de quase 39º graus, mas passou após uma semana. Tive o
cuidado de evitar comidas e frutas ácidas e cítricas para não piorar a
situação. Aconteceram também os famosos “brancos”, já sabia também que isso
poderia acontecer, mas quando me vi na situação fiquei extremamente chateada de
esquecer palavras bobas, e me ver com o raciocínio cortado do nada, coisas
corriqueiras do dia-a-dia passava batido...chegava a chorar, estressada!
Após estudar um pouco, descobri que isso acontecia com normalidade entre as
pessoas em tratamento. Eis aqui alguns toques de quem está se profissionalizando
nisso:
* Os efeitos colaterais ocorrem quando os danos da quimioterapia atingem
células normais, saudáveis e que mantém funções do corpo e da aparência.
* Diferentes drogas causam efeitos colaterais diferentes.
Embora os efeitos colaterais possam ser previsíveis para determinadas classes
de drogas, a experiência de cada pessoa com a quimioterapia é única. É sempre
bom ter uma conversa com seu médico sobre os efeitos secundários específicos
que podem ocorrer ou estão ocorrendo.
Com a maioria dos tipos de quimioterapia, a presença e a
intensidade dos efeitos colaterais não serve como forma de medição de quão bem
o tratamento está funcionando. No entanto, alguns efeitos colaterais da
terapia-alvo, de fato, indicam a eficácia da medicação.
Os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia são:
*Fadiga, feridas na boca e garganta, diarreia, constipação, problemas
de memória ou elaboração de pensamentos, perda de apetite. (tive todos eles.)
Eu nunca imaginei que pudesse ter essa doença, mas hoje
acredito que isso também possa ser uma dádiva pra mim.
E com o passar dos meses as pessoas vinham de várias religiões conversar
comigo. E eu conversei sempre com todos e deixei rezarem, orarem, fazerem suas
preces por mim... porque a religião não importa, o que importa e o que nos move,
é a FÉ, é essa força que resvala no amor. Isso é a busca da cura!
E reafirmo aqui minha crença, acreditando que cada um tem o seu caminho, e que nada é por acaso. Acredito que tem
coisas reservadas para a gente, que fogem à nossa explicação, mas que talvez lá
na frente iremos entender perfeitamente, e vamos agradecer muito.
Não estamos na terra para sofrermos eternamente, mas sim, para
que nosso Espírito evolua, por isso a necessidade de tantas provas, que muitas
vezes nos fazem sofrer.
Porém, dentro de cada um de nós, existe uma tremenda força
interior, capaz de nos fazer continuar a jornada, enfrentando qualquer
obstáculo que apareça. (afinal de contas quem não tem problemas?)
Uma força que faz com que descubramos que somos sim, capazes de atravessar as
tempestades e ir em busca de calmaria.
De que se uma pedra nos atinge, saberemos que a dor se fará presente sim, mas
também passará, e de que podemos superar o sofrimento e com fé, uma nova porta
se abrirá.
Acredite, a força interior pulsa em nós.
Hoje e sempre...
Izabel Cristina com fragmentos de Adriana Rocha.